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quarta-feira, 21 de julho de 2010

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A vontade de Deus nos santifica

Só assim seremos felizes e viveremos em paz

Os santos ensinam, com unanimidade, que o caminho da santidade é "fazer a vontade de Deus". Isso nos santifica porque nos conforma com Jesus, o modelo da santidade, que, acima de tudo, queria fazer a vontade de Deus em todo tempo. No entanto, a vontade divina nem sempre coincide com a nossa. E aí está o primeiro passo para amar a Jesus: abdicar do que nós queremos, para fazer o que Ele quer. O profeta Isaías disse:

"Meus pensamentos não são os vossos, e vosso modo de agir não é o meu, diz o Senhor, mas tanto quanto o céu domina a terra, tanto é superior à vossa a minha conduta e meus pensamentos ultrapassam os vossos" (Is 55, 8-9).

A lógica de Deus é diferente da nossa porque Ele vê todas as coisas, perfeitamente, enquanto a nossa visão é míope e limitada. É como se olhássemos a vida como um belo tapete persa, só que pelo lado avesso.

Não podemos duvidar de que a vontade de Deus Pai para nós "seja a melhor possível", mesmo que seja incompreensível no momento. O que mais agrada ao Altíssimo é trocarmos, consciente e livremente, a nossa vontade pela d'Ele, porque isso é prova de muita fé. Quando damos esse passo, o Senhor substitui a nossa miséria pelo poder d'Ele. Portanto, é preciso, a cada dia, a cada passo, em cada acontecimento da vida, fazer esse exercício contínuo de aceitar a vontade do Senhor, que sabe o que faz.

Santo Afonso de Ligório (†1787), doutor da Igreja, resumia tudo dizendo: "Fazer o que Deus quer, e querer o que Deus faz".

Não seremos felizes de verdade nem teremos paz duradoura, sustentada, enquanto não nos rendermos à santa e perfeita vontade do Todo-poderoso.

O santo vive na paz e na perene alegria, embora caminhando sobre brasas muitas vezes. São João Bosco afirmava que "um santo triste é um triste santo", e o seu discípulo São Domingos Sávio dizia que a santidade consiste em "cumprir bem o próprio dever e ser alegre".

Jesus ensina o que é essencial: "Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua Justiça" (Mt 6,33), isto é, fazer a vontade de Deus.

Também conosco será assim; é nos momentos mais difíceis da vida, nas crises de toda espécie, que temos a oportunidade de fazer a vontade do Pai da melhor maneira.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Uma falsa imagem de Deus

Somos muito devotos, mas não sabemos pedir

Estamos tão habituados com as doenças físicas ou psíquicas que não pensamos que um dia tudo isso pode mudar.

Vocês já ouviram falar no cego de Jericó? Ele começa a ouvir o barulho da multidão e escuta as pessoas comentarem: “É Jesus!”. Provavelmente ele tenha dito a si mesmo “Por que não comigo!? Eu estou tão acostumado a ser uma pessoa doente e as outras pessoas também pensam que eu nasci para ser doente”. Então ele começa a gritar: “Jesus, Filho de Davi! Tende piedade de mim!”. A multidão pensa que para ele não havia nada que pudesse ser feito e fica presa a esse pensamento, sem esperança, por isso quer impedi-lo até de de gritar.

A multidão em volta de nós pode estar sem esperança, mas temos esperança de que aqueles que sofrem no meio de nós vão receber a luz ou a cura. E por que não hoje? Essa é uma pergunta que cada um de nós precisa fazer a si mesmo neste dia. É aí que toda a graça vai poder atingir-nos ou não.Talvez não sejamos cegos, mas tenhamos outros problemas. Ou então somos cegos com relação ao coração, pois ainda não sabemos nos abrir à presença d’Aquele que tudo pode.

Nós realmente não sabemos pedir as coisas para Deus. Somos muito devotos, mas, muitas vezes, não pedimos da maneira certa.

É preciso dizer que o Senhor gostaria de curar com muito mais frequência do que vemos, mas não sabemos pedir, porque ainda temos uma falsa imagem de Deus e isso nos impede de nos abrirmos, verdadeiramente, à presença de Nosso Senhor Jesus Cristo. É como se houvesse um "véu" em volta do nosso coração, que impede, de certa maneira, a abertura de nosso coração à presença do Senhor. E, dessa forma, esse "véu" nos impede de nos colocarmos na presença de Deus. Todos nós temos esse "véu"; uns mais outros menos, de aspectos variados. Pode-se dizer que essa falsa imagem de Deus é uma espécie de representação errada que temos do Senhor em nosso interior.

Muitos cristãos gostariam que Jesus falasse ao coração deles, achando que dessa forma seria mais fácil de se sentirem amados por Cristo; contudo, quando Deus quer dizer que nos ama significa simplesmente que Ele quer se dar a nós inteiramente. Ele não quer nos dar somente isso ou aquilo que pedimos, mas quer dar a Si próprio.

Quando o Todo-poderoso fala do Seu amor por nós, não escutamos nada, mas nós acolhemos a Sua presença em nós. Se nós buscarmos tentar escutar alguma coisa, ficaremos distraídos. É um amor muito especial que faz com que Ele se dê a nós. Se Jesus diz a você: "Eu te amo" significa que Ele vai viver em você, Ele não vem lhe dar pequenas consolações, Ele vem viver em você. Claro que nós não merecemos isso, mas o Senhor quis fazer com que merecêssemos essa graça, por isso Ele ressuscitou para que nós pudéssemos acolhê-Lo em nossa vida.

O nosso coração é um lugar secreto dentro de nós, profundo e inviolável. Quando acolhemos a presença de Jesus em nós, podemos, então, pedir tudo porque estamos pedindo com o Espírito Santo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Isso não quer dizer que vamos receber tudo que estamos pedindo, mas receberemos o melhor, porque Deus sabe o que é o melhor para nós.

Há alguns meses eu estava numa cidade da Itália, era um momento da Santa Missa para os doentes. Eu estava na procissão de entrada junto com os padres, e quando eu passava vi uma jovem senhora. Ela tinha paralisia na perna direita em consequência de um acidente de carro que havia acontecido com ela havia um ano. Ela chorava muito e por isso eu parei diante dela e os padres também porque não sabíamos o que fazer e, então, eu lhe perguntei por que chorava. Ela respondeu que chorava porque estava com a perna paralisada e antes ela era uma dançarina profissional, e por causa do acidente ela não poderia nunca mais dançar. E eu perguntei: "E você está pedindo para Deus te curar?" e ela, com raiva nos olhos, me respondeu: "Eu já pedi para Ele muitas vezes e eu continuo paralítica!". Então eu lhe perguntei: "E você está aqui para pedir essa cura de novo?", ela respondeu-me novamente: "Mas Ele não vai me atender...". Diante da resposta dela eu falei: "Talvez você não saiba como pedir". E ela me perguntou, então, qual era maneira correta de pedir as coisas para Deus e eu disse a ela: "Não peça mais com um adulto revoltado. Peça exatamente como uma criança pediria". A Celebração Eucarística começou e no momento do ofertório essa jovem senhora se aproximou do altar sem moletas. Quando o padre levantou o cálice, ela começou a dançar em volta do altar e todos ficaram felizes.

Em alguns minutos, ela aprendeu como pedir com confiança e não mais pedir tendo em mente uma falsa imagem de Deus Pai, como um Deus que não queria saber dela. Por isso, ela se sentiu projetada a ir junto do altar e a dançar para a Glória de Deus e nós assistimos a Glória de Deus!

O Altíssimo não vai decepcioná-lo hoje! Faça como o cego de Jericó. Lance-se em direção ao Senhor. Viva todo esse dia em movimento do seu coração a Jesus, sobretudo, se você tem a impressão de que o Senhor não o ama ou não o ama suficiente, ou não liga para você ou que Ele quer puni-lo. Isso tudo é mentira! Isso é a falsa imagem de Deus e Ele vai libertá-lo para que você possa rezar como uma criança.

Philippe Madre
É médico, casado e membro da Com. Beatititudes

terça-feira, 6 de julho de 2010

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As consequências do aborto

'Ninguém te condenou mulher, nem eu te condeno'

Misericórdia de Deus

Quem já fez aborto precisa ser acolhida na comunidade, não condenada. Não existe nada que Deus não possa resolver. NADA! Quem não concorda com essa frase, só lamento, mas não crê de verdade nesse Pai bom que sempre nos acolhe. E quem já fez um aborto precisa acreditar ainda mais n'Ele, pois as consequências físicas e psicológicas dessa prática, que é uma das principais causas de morte materna no Brasil, são muitas.

E quem não conhece alguém que já abortou? Uma amiga, uma prima, uma celebridade, talvez até mesmo a sua mãe, sua irmã, sua namorada ou você mesma.

Quem já fez um aborto, por mais que ache isso supernatural, afinal, um filho “atrapalharia o momento da carreira, o casamento, a família, a imagem de boa moça, etc”, tem de concordar com as pesquisas que mostram as duras consequências dessa prática. E não falo aqui do aborto espontâneo, quando involuntariamente o corpo da mulher expulsa o feto por acidente ou problemas orgânicos, por exemplo.

Pergunto se você já PROVOCOU um aborto, se já incentivou alguém a fazê-lo, se convive com alguém que teve essa atitude no passado. As consequências desse crime* são pouco divulgadas na mídia, pois há o discurso de que “legalizar o aborto é uma questão de saúde pública” – e isso é só a "pontinha do iceberg". De fato, o número de abortos no Brasil ultrapassa um milhão por ano, mas legalizar a prática não significa necessariamente diminuição desse número, muito menos fazer com que seus efeitos desapareçam.

Dependendo do método utilizado para o aborto, podem acontecer ferimentos no colo uterino, hemorragias, inflamações ou até a extração total do útero, conhecida como histerectomia. A longo prazo, o aborto pode ocasionar insuficiência do colo uterino com o consequente aumento das chances de se ter uma gravidez de alto risco ou de nunca mais se poder gerar a vida. E como é que fica a cabeça de uma jovem após um aborto? Em geral, pode haver sentimento de culpa, queda na autoestima pela destruição do próprio filho, perda do desejo sexual, aversão ao marido, frustração do instinto materno, insônia e depressão, só para citar algumas consequências psicológicas.

E em meio a esse turbilhão de efeitos, qual é a nossa postura perante as mulheres que fizeram aborto? É de acolhimento ou de julgamento? É uma mão estendida ou uma pedra pronta a ser atirada? “O que Fulana está fazendo na fila da comunhão?” “Era para ter vergonha de pisar na igreja!” “Eu não ando mais com ela… é má influência…”. Essas e outras frases medíocres fazem meu ouvido doer e deveriam fazer o seu coração doer também. Como a gente se sente no direito de julgar o outro? E como a gente julga!

Jesus não se identifica com quem condena, pois nosso Deus é misericórdia. "Eu não julgo a ninguém" (Jo 8, 15) Então, quem sou eu, quem é você, para condenar alguém que fez aborto? Nem Deus condena, portanto, que tal ser menos "fariseu", "escriba do século 21" e ter uma atitude mais acolhedora para com a mulher que você conhece que já fez um aborto? Saiba que ela já traz consigo consequências dessa atitude e o seu julgamento não auxilia em nada, não muda nada para melhor. Jesus é bem claro quando afirma que "Ninguem te condenou, mulher, nem eu te condeno. Vai e não peques mais" (Jo 8,11).

Em vez de ficar julgando, aproveite as energias lutando contra a legalização dessa prática em nosso país, informe-se para sustentar o ponto de vista a favor da vida nas discussões em seu círculo social, pois como cristãos devemos ser luz no mundo, não mais um para atirar pedras.

E você mulher, que já passou por essa situação, não se esqueça NUNCA de que Deus é um Pai bom, Ele a ama demais, e independentemente do que você fez, Ele cuida de você. Busque um sacerdote, faça uma boa confissão, pois o Senhor a quer feliz! Procure também um bom profissional de saúde que a auxilie a superar as consequências físicas e psicológicas disso e acredite na misericórdia de Deus, pois Ele tudo pode. E se alguém a julga, a exclui e a ignora por isso, reze por essa pessoa e não dê ouvidos a ela. Talvez ela ainda não entendeu o que é ser cristão de verdade e esteja merecendo menos o céu que você.

*Desde 1940 o Código Penal Brasileiro estabelece que o aborto praticado por médico não é punido quando não há outro meio de salvar a vida da gestante ou se a gravidez for resultado de estupro. Os demais casos são passíveis de punição, com penas que variam de um a dez anos de prisão para a mulher e a pessoa que realizou o aborto, (e a pena pode dobrar em caso de morte da gestante).

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Os Graus de Oração em Santa Teresa

Por Tomaz Alvarez, OCD

No ensino prático da oração, Teresa fala frenquentemente de graus. Os graus da oração indicam ao mesmo tempo uma possível escala de crescimento na relação do homem com Deus, e diversas maneiras de se articular a mesma oração por parte do orante. Para entender corretamente o pensamento da Santa é necessário ter em conta vários aspectos: a) que a oração se mede pela vida do orante, e ao contrário, porque há correlação entre uma e outra, entre oração e ação, ou entre oração e conduta, pois não há relação com Deus sem uma sensibilização para os irmãos, ou para a igreja e a humanidade. A melhor oração "é a que deixa melhores efeitos, chamo efeitos quando são confirmados com obras" (carta 129,4 - 23.10.1576); b) e o segundo, haverá que ter em conta a idéia básica que Teresa tem de oração, como simples prática de treinamento (ato de solipsismo) do orante, mas como trato de amizade entre os dois.

Os graus de oração nas diversas obras de Santa Teresa

1. LIVRO DA VIDA

Iº grau: oração ascética (cc. 11-13)

Esta oração pode ser simples meditação da Palavra ou dos mistérios do Senhor, ou o pode e deve desenvolver-se em forma de atenção amorosa e calada (c.13,22).

2º grau: ingresso esporádico na oração mística (cc.14-15)

Chamada de "oração de quietude", nome que Teresa retém para sua exposição. Consiste num repouso pacífico e amoroso da vontade, fascinada pelo mistério divino. Fascinação que se lhe outorga intermitentemente, porém que constitui uma nova maneira de relacionar-se com o Amigo divino.

3º grau: várias formas de oração forte, pré-extática.

Santa Madre fala em "sono das potências", resultado de uma intensa infusão de amor na vontade. A santa recorre às imagens do "glorioso desatino", a "loucura celestial", a "embriaguez" da vontade, "verdadeira sabedoria e deleitosíssima maneira de a alma gozar" (cc. 16-17).

4º grau: união mística.

Toda a atividade da mente é unificada e todas as potências são unidas ao interlocutor divino. Expressa-se em fenômenos místicos como o êxtase, o "vôo do espírito" (cc. 17-21), os incontidos ímpetos amorosos, as feridas de amor (c. 29).

A escala de graduação dessas diversas formas de oração se mede por seus efeitos na vida cotidiana do orante. Mede-se também pela experiência que o orante adquire do Amigo divino e de seu mistério.

2. CAMINHO DE PERFEIÇÃO

Neste livro Santa Teresa fala aos jovens de seu primeiro Carmelo, portanto enfoca a oração nos principiantes e os graus ficam em segundo plano. É um contraponto ao Livro da Vida. Aos principiantes interessa:

a) Antes de tudo, a oração vocal: aprendizagem dos conteúdos da oração dominical ensinada pelo Mestre: o Pai Nosso (cc. 22...);

b) interessa-lhe iniciar-se na oração mental, que lho acerque mais e mais à Humanidade de jesus: aprender a olhá-lo, a escutar suas palavras, assimilar seus sentimentos, calar diante dele (c. 22);

c) interessa-lhe iniciar-se no recolhimento: interiorizar a oração, aprender a silenciar os sentidos exteriores, celebrar a fundo a Eucaristia e assim dispor a alma para possíveis formas de oração contemplativa infusa (c. 26-29);

d) segue um simples esboço das primeiras formas de oração mística que o Senhor dará a quem Ele quer, pois "não é porque nesta casa todas estão voltadas para a oração que todas haverão de ser contemplativas" (17,1). "Santa era Marta, e não dizem que fosse contemplativa" (ib.5). Isso sim, a todas lhes dará ele essa água viva, mesmo que não seja nesta vida, será na outra.

3. RELAÇÃO 5

Neste texto, resposta às perguntas de um teólogo consultor da Inquisição, Teresa enumera simplesmente os graus místicos e propõe os seguintes:

a) entrada na experiência da misteriosa presença de Deus (R5,25);

b) recolhimento infuso da mente (n.3);

c) quietude e paz da vontade (n.4);

d) "um sono que chamam de potências", que as arrebata sem impedir-lhes de atender simultaneamente às coisas da vida (n.5);

e) seguem os êxtases e arroubamentos com suspensão de todas as potências. O espírito, mesmo que por momentos, une-se a Deus (n.7-10);

f) "vôo do espírito" (n.11-12);

g) ímpetos de amor (n.13);

h) as feridas de amor (n. 17-18)

4. MORADAS

Primeiro grau: oração sumamente rudimentar. Se o orante se acha todavia imerso no exterior e na desordem interior, sua relação com Deus não poderá ser real; é como a relação do surdo-mudo com os outros (primeiras moradas).

Segundo grau: inícios de autêntica oração meditativa, fundada na nascente sensibilização para as palavras e as coisas de Deus, e para a relação com Ele: o orante é - afirma Teresa - como um surdo-mudo que começa a ouvir (segundas moradas).

Terceiro grau: normalização da meditação, e certa estabilidade de vida espiritual (terceiras moradas).

Quarto grau: simplificação e estabilidade na meditação, com intervalos de quietude infusa da vontade (quartas moradas).

Quinto grau: começa a oração de união, estados mais ou menos prolongados de profunda união a Cristo, à sua presença, a seus mistérios. Com a conseguente mudança no sujeito: mudança em sua psicologia, em seu relacionamento com Deus, e em sua atitude com os outros (quintas moradas).

Sexto grau: período de oração extática, rica em graças místicas de todo gênero (sextas moradas).

Sétimo grau: oração de união plena, de plena conformidade com a vontade de Deus. Misteriosa união a Ele, caracterizada pela experiência da inabitação trinitária (M7,1); pela experiência esponsal de Cristo Senhor (M7,2); pela especial maturidade do orante e sua mudança de atitudes psicológicas e teologais (M7,7) e pela total disponibilidade ao serviço dos outros, na plena configuração a Jesus (M 7,4).